Plantio já começou, mas falta de água é preocupante

Plantio já começou, mas falta de água é preocupante

O plantio da batata segue a todo vapor em Vargem Grande do Sul e região. Iniciado em março, o cultivo deverá prosseguir até junho, quando já começam a chegar os primeiros trabalhadores rurais para a safra. Atualmente os dias quentes e as noites frias têm colaborado com os produtores, uma vez que contribuem para o

O plantio da batata segue a todo vapor em Vargem Grande do Sul e região. Iniciado em março, o cultivo deverá prosseguir até junho, quando já começam a chegar os primeiros trabalhadores rurais para a safra. Atualmente os dias quentes e as noites frias têm colaborado com os produtores, uma vez que contribuem para o cultivo do tubérculo. No entanto, o gargalo está sendo a falta de chuvas.

De acordo com a Cooperbatata (Cooperativa dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul), a escassez de água vem se confirmando e a expectativa é que haja um inverno com mais volume de chuva, caso contrário, pode ocorrer queda de produção. “Este ano foi observado que os tanques não se recuperaram em sua totalidade. A escassez de chuva nos últimos 40 dias jamais foi vista em nossa na região. Confirmando este cenário, os produtores devem reduzir suas áreas de plantio”, comenta Lucas Ranzani, presidente da instituição.

Em meio a este panorama, ele destaca que existe a previsão que o inverno – que se inicia em 21 de junho – seja chuvoso devido ao enfraquecimento do fenômeno La Niña.

 

EXPECTATIVAS

Atenta às mudanças climáticas, a ABVGS (Associação dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul) tem observado que este problema também tem ocorrido em outras localidades. “A escassez de água não é um problema pontual da nossa região. Outras regiões produtoras de batata no inverno também encontram dificuldades, como no Sul de Minas Gerais, no Triângulo Mineiro e no Sudoeste Paulista. Infelizmente foram poucas chuvas”, explicou Pedro Marão, presidente da entidade. “Acredito que os produtores são os mais interessados em preservar os recursos hídricos”, complementa, frisando a preocupação dos agricultores com esta causa.

Diante deste cenário, a associação também está atenta aos reflexos disso no mercado. “A expectativa sempre são as melhores, mas acreditamos que haverá um aumento de área para o plantio de inverno em todas as regiões produtoras e talvez com os preços abaixo do esperado”, relata o presidente.

Finalizando, Marão relembrou a forte atuação da bataticultura durante a pandemia, em 2020, quando foram cultivados 11.448 hectares de batata. “Mesmo enfrentando várias dificuldades perante a pandemia, graças ao trabalho de todos os produtores, conseguimos produzir alimentos e gerar muitos empregos para toda nossa região”, destaca.

“Será uma safra bem cautelosa”, afirma Rodrigo Canela

 

Rodrigo Canela: “É uma safra que os custos cresceram em torno de 50% devido às altas, principalmente, de fertilizante e do combustível”. (Fernando Franco/Jornal do Produtor)

Membro de uma das famílias mais tradicionais de agricultores de Vargem Grande do Sul, Rodrigo Canela, 36 anos, está realizando o plantio de batata, mas de forma cautelosa.

Neste ano, ele está plantando em uma área de aproximadamente 200 hectares, onde investe nas variedades Camila, Orchestra e Ágata. “O plantio este ano, eu acredito que esteja, no geral, um pouco mais adiantado em relação aos outros anos, devido ao motivo climático da falta de água”, afirma.

De acordo com ele, a tendência é que a safra de 2021 ofereça mais riscos aos produtores em comparação aos anos anteriores, seja pela falta de chuvas, como também pela antecipação do plantio, uma vez que a colheita poderá coincidir com as de outras regiões e refletir nos valores comercializados. “Aumenta muito o risco de ter preços baixos no início da safra e altos preços no final, sem oferta de batata”, analisa o produtor. “Será uma safra bem cautelosa e com mais riscos que nos outros anos”, pontua.

Outro ponto destacado por Canela é em relação ao aumento dos custos da produção, o que também tem impactado os agricultores. “É uma safra que os custos cresceram em torno de 50% devido às altas, principalmente, de fertilizante e do combustível. Por isso, o meu receio com a safra”, diz.

 

Rios Flutuantes

Amazônia: floresta tropical tem importante papel na manutenção do clima (Reprodução/Amazonas Atual)

De acordo com a meteorologista Wanda Prata, a falta de chuva no Sudeste pode ter ligação com o desmatamento na floresta amazônica, lá na região Norte do País, por conta de um fenômeno conhecido como “rios flutuantes”.

O fenômeno funciona assim: a floresta tropical, em seu grande volume ‘puxa’ a umidade do oceano, forma grandes nuvens de chuvas, que caem na floresta. Essas chuvas evaporam e formam novas nuvens, que são os chamados “rios flutuantes”, pelo seu grande volume de água. Para termos uma ideia, uma única árvore com uma copa de 20 metros de diâmetro transpira mais de 1.000 litros em um único dia.

Os “rios flutuantes” se movimentam pelo continente até chegarem à cordilheira dos Andes. A barreira natural da cordilheira dissipa a nuvem gigante, formando outras nuvens, que se direcionam para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2020 foram desmatados 11.088 quilômetros quadrados, o equivalente a sete vezes a área do município de São Paulo. “Agora, você imagina o que essas clareiras que ficam na floresta deixam de gerar de umidade”, frisa a meteorologista. (Fonte: JM Online)

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