Conquista: Orfeu Cafés e Azeites Especiais obteve a primeira certificação de produção de azeitonas do mundo (Divulgação/Orfeu)

Situada em São Sebastião da Grama, na divisa com Poços de Caldas (MG), a Fazenda Rainha conquistou a primeira certificação de produção de azeitonas do mundo concedida pela Rainforest Alliance. A propriedade pertence à Orfeu Cafés e Azeites Especiais, referência nacional na cafeicultura e também na olivicultura. O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) foi a instituição certificadora responsável pela orientação do grupo e a auditoria do selo.

Atualmente, o mercado agrícola no Brasil passa por uma intensificação de busca por certificações voluntárias por parte das empresas, como estratégia para comprovar práticas sustentáveis e valorizar a produção. Com esta primeira certificação concedida à olivicultura, abre-se o precedente para que mesmo os cultivos pouco populares acessem selos internacionais. Essa tendência reforça a importância do Imaflora, que desde 1995 atua com certificação socioambiental como uma das ferramentas para promover a conservação das florestas com uma destinação econômica associada a boas práticas de manejo e a uma gestão responsável dos recursos naturais. Em 2003, foi a primeira certificadora acreditada pela Rainforest Alliance no país. E, em 2020, passou a ser a parceira escolhida por Orfeu para a auditoria da cafeicultura.

PRODUÇÃO

Com atuação na produção de cafés desde 1995, Orfeu decidiu investir na olivicultura em 2009, e escolheu a Fazenda Rainha para o cultivo de oliveiras, plantadas a mais de 1.300 metros de altitude. A propriedade tem cerca de mil hectares de terroir privilegiado e solo vulcânico, dos quais 90 ha são destinados à cultura de variedades do fruto como Koroneiki, Coratina, Arbosana e Arbequina, usados na produção de azeites especiais.

“A Fazenda Rainha utiliza os mesmos recursos na cultura de cafezais e olivais. No processo anual de auditoria da cafeicultura, identificamos a oportunidade de fazer essa certificação inédita e, por ser a primeira vez que certificamos um cultivo de azeitonas, houve uma preparação especial da nossa equipe técnica”, conta Rafael Antonio Brevigliero, coordenador de certificações do Imaflora. “A norma da Rainforest Alliance não delimita os tipos de culturas que podem ser certificados, e vemos nisso uma grande oportunidade para o mercado brasileiro de levar esse selo reconhecido internacionalmente a uma variedade cada vez maior de propriedades, como forma de agregar valor ao produto e transparência à produção”.

CERTIFICAÇÃO

A Rainforest Alliance é a principal organização internacional sem fins lucrativos, com foco em formas sustentáveis de produção agrícola e melhores condições para os trabalhadores rurais, e tem atuação em mais de 70 países. “Nos traz grande satisfação poder reconhecer a iniciativa de Orfeu, em parceria com o Imaflora, em ampliar as práticas socioambientais de suas propriedades para novos cultivos como os olivais. A certificação Rainforest Alliance é uma importante ferramenta para reconhecer o esforço de produtores rurais comprometidos com a sustentabilidade da produção agrícola, além de permitir que o consumidor possa utilizar suas decisões de compra para identificar e promover a sustentabilidade na agricultura. Celebramos o pioneirismo e a inovação de Orfeu e seus parceiros em ser a primeira organização a receber a certificação da Rainforest Alliance na produção de azeitonas e ampliar o impacto positivo das suas atividades nas comunidades e no meio ambiente”, diz Yuri Feres, diretor da Rainforest Brasil.

SUSTENTABILIDADE

Formalmente, a Orfeu tem um certificado Rainforest Alliance exclusivo para a cadeia de suprimentos de café e outro certificado para a produção agrícola. Este é atribuído à Fazenda Sertãozinho, que inclui as três propriedades: uma de mesmo nome, a Fazenda Laranjal e a Fazenda Rainha com sua fábrica de azeites.

No aspecto ambiental, a Orfeu se destaca pelo trabalho consistente de plantio de árvores todos os anos. Dos mil hectares de extensão da propriedade da Fazenda Rainha, cerca de 400 hectares são Áreas de Preservação Permanente (APP) conservadas. No quesito social, a fazenda optou então por não empregar trabalhadores sazonais no campo, dando preferência para famílias que residem no local. Hoje são cerca de 50 funcionários, que recebem salário, benefícios, comissão pela colheita e moradia sem custo na fazenda e promovem um convívio social familiar bem estabelecido no local.