Os reflexos do coronavírus na bataticultura em Vargem Grande do Sul e região

Os reflexos do coronavírus na bataticultura em Vargem Grande do Sul e região

A cultura da batata é cara e sempre existe os desafios para se ter um bom resultado. São várias as causas que podem levar a frustração dos resultados, clima desfavorável, doenças que atacam desde as folhas até os tubérculos. Além desses fatores, há também a questão de mercado. Apesar de ótimas produções e qualidade do

Bataticultura: Região de Vargem Grande do Sul é conhecida nacionalmente por sua produção (Arquivo/Angelino Jr.)

A cultura da batata é cara e sempre existe os desafios para se ter um bom resultado. São várias as causas que podem levar a frustração dos resultados, clima desfavorável, doenças que atacam desde as folhas até os tubérculos. Além desses fatores, há também a questão de mercado. Apesar de ótimas produções e qualidade do produto o mercado tem uma oferta maior que a procura, causando a baixa no preço, muitas vezes não cobrindo os custos de produção.

Quando recebi a proposta de escrever sobre a perspectiva da safra de batata de Vargem Grande do Sul e região sob influência da Covid-19 soube de imediato que não seria uma tarefa fácil. Com todos os problemas acima citados, surge uma situação nunca vivida por nós, pois o mundo parou parcialmente por conta desta pandemia.

Em condições normais, não é muito simples fazer uma previsão de como será uma safra de batata. A batateira, é uma planta reativa, reage a tudo, ao clima, à qualidade da semente e muitos fatores com causas pequenas, mas com efeito enorme. Mesmo em outros países, com clima e economia estáveis, há sempre surpresas nos resultados, ora positivas ora negativas. Com a situação que estamos vivendo não poderia escrever somente o que penso sobre a perspectiva. Ouvi vários profissionais que atuam diretamente com a lavoura da batata, tanto na indústria, como também em mercado fresco. Portanto, as previsões ou pensamentos sobre o que poderia acontecer é um apanhado das opiniões destes profissionais.

O ano passado os produtores tiveram uma safra com excelente resultado. Cada vez que isso ocorre acaba aumentando o otimismo e a maioria pensa em um aumento da área de plantio para o ano seguinte. Realmente, havia essa ideia e, pelo estoque de sementes, este ano teríamos um aumento de área por volta de 5,6% (conforme informações da ABVGS).

Apesar de ser um bom argumento, as sementes, muitos produtores já sinalizaram que não vão plantar tudo que foi planejado devido ao receio de não conseguir vender a produção por conta da crise provocada pela pandemia. Com a quarentena houve um aumento do consumo da batata fresca, pelo fato de as pessoas estarem em casa e preparando o alimento, ao invés de estarem frequentando restaurantes e fast foods.

Os primeiros plantios na região estão sendo feitos, de maneira modesta, o que é normal para esta época. Aqueles que tinham seus insumos comprados (fertilizantes, defensivos, sementes) não tiveram problemas. Já aqueles que tiveram que negociar depois da quarentena, já tiveram problemas de entregas e enfrentar preços mais alto. A justificava das empresas foi a cotação do dólar.

A preocupação geral é até quando estaremos em quarentena. Alguns setores dentro da economia estão parados ou funcionando de maneira precária, muitas vezes não cobrindo os custos. É de se esperar demissões em larga escala e esse é o temor de todos. Certamente todos precisam se alimentar, mas quem não tem emprego não vai ter dinheiro, cada um vai restringir ao máximo às compras, inclusive com a alimentação.

Diante das incertezas, a redução de área seria uma forma prudente de se precaver de uma situação que realmente não sabemos como vai estar. Por outro lado, a batata semente é um insumo caro que não tem como guardar para um próximo plantio, como se faz com cebola e outras hortaliças. Vai depender de cada produtor decidir o que fazer.

Dizem que “quem sofre por antecipação, sofre duas vezes”. Vamos então pensar que em breve a quarentena seja suspensa e que as empresas possam manter seus funcionários no trabalho e tudo volte ao normal.

Pedro Hayashi

Engenheiro agrônomo e pesquisador

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