Agricultura regenerativa: o futuro mais sustentável

Agricultura regenerativa: o futuro mais sustentável

Produtores de Divinolândia e região desenvolvem projeto-piloto e sistema Faesp/Senar-SP já analisa possível implantação no Estado   Vista como o caminho para a redução dos impactos ambientais e considerada a técnica do futuro para o agronegócio, a agricultura regenerativa é uma prática que já vem sendo utilizada pelos produtores de café de Divinolândia e região.

Produtores de Divinolândia e região desenvolvem projeto-piloto e sistema Faesp/Senar-SP já analisa possível implantação no Estado

 

Vista como o caminho para a redução dos impactos ambientais e considerada a técnica do futuro para o agronegócio, a agricultura regenerativa é uma prática que já vem sendo utilizada pelos produtores de café de Divinolândia e região.

Tudo começou há cerca de 15 anos, com a criação da Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (Aprod), que hoje conta com 68 associados – todos pequenos produtores. Nos últimos cinco anos, eles começaram a perceber que para se manter competitivos no mercado do ‘café de alta qualidade’, precisariam começar a criar diferenciais exigidos pelos importadores, em particular da Europa. “Um dos grandes entraves para a agricultura familiar, principalmente no Estado de São Paulo, é justamente esta baixa competitividade dos pequenos negócios. Então partimos deste princípio, de atender o mercado que exige que sejam cumpridos os conceitos de ESG”, explicou o presidente do Sindicato Rural local, o produtor Francisco Sergio Lange.

A sigla mencionada pelo sindicalista se refere aos princípios Ambiental, Social e Governança (traduzido do inglês: Environmental, Social and Corporate Governance). Para o mercado externo, seguir esses conceitos não é mais uma questão, e sim uma obrigação. A situação fica mais séria quando se sabe que 80% dos produtores brasileiros de café são pequenos. E é da lavra destes que saem cerca de 60% do grão que é exportado pelo Brasil. Então, como fazer para atender tantos requisitos?

A resposta não é muito simples. Lange aponta as lacunas que existem em termos de políticas públicas e observa o distanciamento cada vez maior entre os órgãos governamentais e os institutos de pesquisa, de extensão rural e de assistência técnica. Dispostos a superar esses obstáculos, os membros da Aprod estão aprimorando suas técnicas, e o sistema Faesp/Senar-SP já analisa a possível implantação de um projeto-piloto no Estado, além de participarem dos debates no Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e da Plataforma Global do Café. Ele ainda lembra as grandes torrefações mundiais, não apenas do Brasil, já atendem esses parâmetros de ESG. “Por isso resolvemos criar um grupo de agricultura regenerativa. A proposta é contar com apoio para conseguimos contratar profissionais experientes e, assim, desenvolvemos um projeto-piloto que possa ser adotado por pequenos produtores aqui no Estado de São Paulo e também no Brasil”, afirmou.

 

A TÉCNICA

Uma das grandes vantagens da agricultura regenerativa é a possibilidade de reduzir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Já existem vários cases de sucesso no Brasil, não apenas na agricultura como também na pecuária. A técnica surgiu nos anos 1980 e consiste em unir as melhores práticas baseadas na natureza ao conhecimento científico. De modo bastante resumido, a agricultura regenerativa segue cinco princípios básicos: preservar e tornar fértil o solo; aumentar a infiltração de água; aumentar a preservação da biodiversidade; aumentar a capacidade de sequestro e estoque de carbono no solo; e produzir alimentos que ofereçam segurança alimentar e contemplem requisitos socioeconômicos satisfatórios.

Vale destacar, ainda, que não se trata de agricultura orgânica, prática que busca a sustentabilidade, mas não tem as mesmas características nem atributos da agricultura regenerativa ou da agroflorestal, que estão focadas na regeneração. “Não se trata apenas de zelar pelo meio ambiente. A agricultura regenerativa envolve muito mais e deve ser tratada como ciência do futuro. Mas, na verdade, nada mais é do que dar uma olhada no passado e entender como as coisas eram feitas”, comentou o presidente do sindicato.

O grupo da Aprod também quer prestar orientação aos produtores por meio desse projeto-piloto, realizando acompanhamento técnico das propriedades participantes. “A cada mês vamos discutir um tema envolvendo a técnica. Por exemplo, como armazenar carbono. Sim, porque não se trata mais só de capturar, mas saber como armazenar; entender o que eu estou fazendo para contribuir para diminuir o aumento da temperatura da Terra. Este é o futuro e queremos expandir, conquistar mais produtores e mostrar os resultados para o mundo. E isso vai acontecer muito rápido”, observou Lange.

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