Pedro Hayashi ministra curso sobre batata em Moçambique

Pedro Hayashi ministra curso sobre batata em Moçambique

Referência internacional na bataticultura, o engenheiro agrônomo e pesquisador Pedro Hayashi participou de um programa de treinamento sobre o cultivo de batatas em Moçambique, na África. Trata-se de uma iniciativa do governo moçambicano em parceria com o Centro Internacional da Batata (CIP), sediado no Peru e com atuação no mundo todo. O objetivo é estimular

Lavoura: Pedro Hayashi explicou detalhes sobre o cultivo de batata sob alta temperatura e umidade, que são características do solo e do clima africano (Arquivo Pessoal)

Referência internacional na bataticultura, o engenheiro agrônomo e pesquisador Pedro Hayashi participou de um programa de treinamento sobre o cultivo de batatas em Moçambique, na África. Trata-se de uma iniciativa do governo moçambicano em parceria com o Centro Internacional da Batata (CIP), sediado no Peru e com atuação no mundo todo. O objetivo é estimular a cadeia de valor da batata reno, como o tubérculo é conhecido no país.

A escolha de levar brasileiros para Moçambique, ao invés de pesquisadores europeus ou norte-americanos foi por haver muita semelhança entre os dois países, como o clima, o solo e até mesmo o idioma, uma vez que a nação africana também fala português.

 

O CURSO

Curso: pesquisador vargengrandense abordou assuntos técnicos durante aulas, como os cultivos in vitro e em ambiente protegido (Arquivo Pessoal)

Natural de Vargem Grande do Sul, Hayashi foi convidado para a missão juntamente com o engenheiro agrônomo Natalino Shimoyama, diretor executivo da Associação Brasileira da Batata (ABBA), dado a experiência que tem no cultivo do tubérculo sob alta temperatura e umidade, que são características do solo e do clima africano. O curso foi ministrado entre os dias 14 e 19 de outubro no Instituto de Investigação Agraria de Moçambique (IIAM), localizado em Lichinga, capital da província do Niassa.

A capacitação reuniu 160 participantes, entre produtores, técnicos extensionistas e professores. Na ocasião, Hayashi abordou assuntos técnicos, como os cultivos in vitro (laboratório) e em ambiente protegido (produção de minitubérculos em estufas), bem como a produção de batata-semente em campo, explicando a dinâmica e a prática. Já Shimoyama falou sobre como promover estruturas para a comercialização, o associativismo e o cooperativismo. O curso foi inteiramente gratuito e os dois pesquisadores não cobraram nada para participarem.

 

EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE

Segundo Hayashi, tecnicamente, o Brasil está muito mais avançado que os de Moçambique. Por outro lado, a nação africana está disposta a se tonar independente, tanto em batata-semente como no tubérculo para consumo – o qual é quase que totalmente importado, vindo principalmente da vizinha África do Sul. “Eles cultivam variedades que foram desenvolvidas naquele país e também estão à procura de novas variedades que possam aumentar a produtividade. As variedades que funcionarem bem no Brasil, terão boa performance naquelas condições”, comentou. “O Brasil hoje é uma referência em cultivo de batata em solos tropicais e tentamos passar o máximo possível da experiência que adquirimos nestes 37 anos de cultivo de batata. Foi muito gratificante poder passar nossos conhecimentos para pessoas que não tiveram a oportunidade de aprofundar o aprendizado nesta área e também os investimentos necessários para produzir batata em quantidade e qualidade que eles necessitam”, afirmou o engenheiro agrônomo vargengrandense.

 

SEMENTE PLANTADA

Programa: Hayashi e Natalino Shimoyama foram convidados para ministrar treinamento sobre o cultivo de batatas; iniciativa é do governo moçambicano em parceria com o CIP (Arquivo Pessoal)

Durante o período em que estiveram em Moçambique, os pesquisadores brasileiros foram bem acolhidos e tiveram um bom entrosamento, passando muito conhecimento aos produtores e técnicos da nação africana. Diante disso, eles foram convidados a voltar ao país, estreitando ainda mais a relação com os produtores de batata locais. “Foi uma experiencia maravilhosa ter a oportunidade de conhecer um povo simples, receptivo, e compartilhar com eles a experiência acumulada ao longo dos anos”, disse Hayashi. “Uma semente foi plantada. Espero que germine e produza frutos”, concluiu.

 

TRAJETÓRIA

A história de Hayashi praticamente se funde à do desenvolvimento da pesquisa da batata no Brasil. Graduado em Engenharia Agronômica, ele foi coordenador de culturas na empresa Terra Viva Agrícola por 13 anos. Trabalhava com diversas culturas, como soja, milho, algodão, feijão, trigo, citrus, alho, cebola, batata e flores de gladíolo. No entanto, o cultivo do tubérculo na época ainda não era muito expressivo.

Com forte interesse nas culturas denominadas “intensivas”, ou seja, aquelas que são irrigadas e mais difíceis de se produzir, ele coordenou na década de 90 a produção e fornecimento de batatas para a indústria chips, tornando o tubérculo um dos principais produtos da empresa.

Receptividade: pesquisadores brasileiros foram bem acolhidos e tiveram um bom entrosamento, passando muito conhecimento aos produtores e técnicos da nação africana (Arquivo Pessoal)

Tendo participado de parcerias ou sociedade com empresas como a Agrícola Pirassú e o Grupo Agropomment, que mantinham contratos de fornecimento de batatas Atlantic para a indústria, Hayashi sempre esteve à frente do processo produtivo destinado a gerar desde mudas em laboratório até as sementes que produziriam para o fornecimento à fábrica. Seus estudos e pesquisas na cultura da batata permitiram aprofundar o conhecimento em todos os aspectos da produção, adquirindo o ‘know how’ para criar um sistema viável para todo o processo, tornando a empresa de compradora de batata-semente em fornecedora para outros produtores.

 

TRABALHOS

Hayashi é fundador da Soleil Papa, que atua na produção de batata-semente, onde é sócio junto com a filha Erica Hayashi. Também está à frente da Solavita, empresa voltada para o desenvolvimento de novas variedades de batata a partir de cruzamentos e seleções em todas as etapas dentro do processo. Ele mantém boa relação com pesquisadores brasileiros e estrangeiros, bem como universidades e importantes órgãos de pesquisa, como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Biológico de São Paulo, entre outros.

Durante sua trajetória, o pesquisador presidiu a ABVGS (Associação dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul) e a Cooperbatata (Cooperativa dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul), além de ter ocupado o cargo de diretor de Marketing e Pesquisa da Associação Brasileira da Batata. Junto com o engenheiro-agrônomo João Pedro Gomes da Costa, ele fundou mais recentemente a Haygo Tech, empresa que atua na área de pesquisa e consultoria agronômica.

 

BACTÉRIA DESCOBERTA

Em 2023, Hayashi teve o nome dado a uma nova espécie de bactéria: a Streptomyces hayashii. A linhagem está associada à sarna da batata até então não tinha sido descrita na literatura. Reconhecida pelo Comitê Internacional de Nomenclatura Bacteriológica, a descoberta ocorreu após cinco anos envolvido em uma pesquisa específica, realizada pela dra. Suzete Aparecida Lanza Destéfano, do Instituto Biológico. Com essa homenagem, o nome do pesquisador vargengrandense entra para a posteridade.

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