Café do Vale da Grama conquista selo de Indicação Geográfica

Café do Vale da Grama conquista selo de Indicação Geográfica

O Vale da Grama recebeu o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A identificação foi publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI) no dia 3 de dezembro e significa um importante passo para a cafeicultura local. Concentrando cerca de 260 produtores, a região

Vale da Grama: registro do Inpi chancela que a região tem tradição e know-how na produção de cafés especiais (Divulgação)

O Vale da Grama recebeu o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A identificação foi publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI) no dia 3 de dezembro e significa um importante passo para a cafeicultura local.

Concentrando cerca de 260 produtores, a região cafeeira está localizada em São Sebastião da Grama, a mais de 1.000 metros de altitude, com dias quentes e noites frias, o que implica numa maturação mais lenta, favorecendo a produção de café arábica de qualidade. Além disso, a fertilidade do solo relaciona-se à origem vulcânica, o que confere ao café notas cítricas e um sensorial de caramelo, com alto teor de doçura, corpo médio e finalização prolongada, devendo a bebida atingir no mínimo 80 pontos na tabela da Specialty Coffee Association (SCA) para levar o selo da Indicação Geográfica.

O registro do Inpi chancela que a região tem tradição e know-how na produção de cafés especiais, iniciada na segunda metade do século 19, quando o clima ameno e as fontes de águas de qualidade atraíram as primeiras famílias de produtores. Nesse período, muitas famílias europeias, sobretudo italianas, imigraram para o Brasil, diversas delas tendo como destino a região do Vale da Grama, com o objetivo de cultivar café.

O presidente da Associação dos Cafeicultores do Vale da Grama, Valdir Duarte, destaca que a produção cafeeira local é evidenciada pelas participações e premiações em concursos nacionais e internacionais. No ano passado, por exemplo, os cafés naturais da região ficaram em 1º e 4º lugar do Cup of Excellence, concurso que é considerado o Oscar dos Cafés Especiais. Já neste ano, no 4º Concurso do Terroir da Região Vulcânica, os produtores conquistaram sete troféus entre os cinco primeiros colocados em três categorias (café natural, cereja descascado e fermentado). “Isso mostra que o Vale da Grama tem algo especial, singular e único. Um município com aproximadamente 12 mil habitantes e cerca de 300 cafeicultores acumular tantas premiações é prova de que temos algo valioso aqui. Além dos fatores naturais, há o saber-fazer da nossa comunidade, que batalha, se capacita e busca entregar o melhor que produzimos. Esse é o nosso Vale da Grama, agora com o reconhecimento que merece”, comemorou.

 

TRABALHO EM CONJUNTO

O Sebrae-SP apoiou toda a construção do projeto a partir de 2020. Desde o diagnóstico inicial, para avaliar o potencial para a solicitação do pedido até a coordenação das atividades, contratou o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), por meio do campus São João da Boa Vista, para realizar o trabalho operacional que resultou no reconhecimento alcançado.

Segundo o gerente regional Marcos Kremer, o Sebrae-SP viabilizou toda a estrutura necessária para a concepção do projeto de estruturação dessa Indicação Geográfica (IG). “Nada disso seria possível sem a participação da governança envolvida, composta por produtores rurais, empreendedores, representantes do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil organizada, como a Associação dos Cafeicultores do Vale da Grama. O Sebrae-SP traz as ferramentas e as condições, mas cabe àqueles que estão diretamente ligados à atividade colocá-las em prática. Foi isso que aconteceu: um grupo de pessoas trabalhando juntas pelo bem comum”, considerou.

Junio Correia, gestor de projetos de agronegócio do Sebrae-SP no Escritório Regional em São João da Boa Vista, diz que esse reconhecimento é fruto de um trabalho sério e estratégico, conduzido por pessoas capacitadas e comprometidas em alcançar esse resultado.

“As tratativas iniciaram em 2020 com um diagnóstico de potencial, mas as reuniões de trabalho, prevendo a estruturação do projeto, começaram em 2021, durante a pandemia. Na época, sem podermos nos reunir presencialmente, realizamos todas as reuniões de maneira online. Mas criamos o projeto e o submetemos para aprovação do INPI. Agora, os cafés do Vale da Grama possuem sua origem reconhecida, como se recebessem a certidão de nascimento do seu café. Isso permite comprovar para o mundo sua origem, qualidade, rastreabilidade e o saber-fazer de uma comunidade apaixonada pela cafeicultura”, destacou.

Para João Paulo Pereira, administrador do campus sanjoanense do IFSP, conduzir esse trabalho foi um privilégio. “O Vale da Grama criou sua própria história ao longo de tantos anos, e coube a nós reunir todas essas informações para submeter o pedido de reconhecimento no INPI. O resultado foi comemorado por toda a nossa instituição, que se dedicou ao longo dos últimos anos para elaborar um projeto tão importante”, afirmou.

Agora, o projeto entrará em uma fase de operação dessa IG. Os produtores poderão utilizar o selo que comprova a origem produtora, bem como cumprir os requisitos que garantam a procedência ao consumidor. O Sebrae desenvolverá junto à comunidade estratégias e ferramentas para que os produtores possam agregar valor ao produto, proteger o signo distintivo e colaborar com o desenvolvimento da região.

Posts Carousel

Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos com um * são obrigatórios

Latest Posts

Top Authors

Most Commented

Featured Videos