A Cooperbatata certamente é um dos marcos da vida de Betão. Uma das principais cooperativas do setor agrícola do Brasil, a instituição foi fundada em 1999 e teve o agricultor como seu principal incentivador. De grande importância para a bataticultura nacional, a entidade conta com mais de 250 cooperados, três filiais e uma projeção de faturamento para 2019 na ordem de R$ 100 milhões.

A Cooperbatata é presidida atualmente por Lucas Ranzani, o qual tinha Betão ao seu lado, como vice-presidente. “A perda dele foi irreparável. Era uma pessoa que acreditou e começou a produzir em apenas um hectare. E neste hectare construiu um império. Era uma pessoa que sempre acreditou no seu sonho e na força de trabalho. Foi isso que fez a vida inteira. Era apaixonado pelo trabalho”, afirma. “Era uma referência no agronegócio pelo seu caráter, honestidade e transparência. Sempre trabalhou muito para conseguir o que queria e construir seu sonho. Vargem Grande do Sul perde uma referência no agronegócio, que deixou um legado de muitos anos de experiência e trabalho”, completa o presidente.

Empenho e dedicação

Ao comentar sobre a criação da cooperativa, Lucas afirmou que a instituição foi fundada por um grupo de agricultores e Betão sempre foi o pioneiro. “Ele colocou energia nisso, sempre ressaltando a importância de se criar um grupo, a ponto de doar seu tempo, indo para São Paulo, buscando parcerias e se reunindo com multinacionais”, relata o presidente, lembrando ainda o empenho e dedicação do agricultor na fundação do laboratório de análises de virose em batata semente. “Ele deixou para nós toda uma filosofia de muito trabalho, de trabalhar sempre com transparência e incentivando o cooperativismo acima de tudo”.

Para Lucas, uma das marcas da personalidade de Betão era o perfil empreendedor e o talento para negócios. “Foi um líder. Era uma pessoa extremamente pragmática e resolvida. Tinha bom senso. Quando sentava para negociar, era um ótimo negociador. Os piores problemas ele resolvia de forma menos traumática possível”, recorda.

Contribuições  

O trabalho desenvolvido na bataticultura por Betão foi fundamental para transformar a região vargengrandense em referência nacional na produção do tubérculo. “Para montar a Cooperbatata, ele chegou a dar a estrutura da fazendo como garantia para poder ter crédito. Com isso, ele conseguiu uma negociação melhor para os produtores e, assim, desenvolveram a bataticultura em Vargem. Hoje ela está alavancada e solidificada com a Cooperbatata, a ABVGS, o Complexo Frigorífico e o Condomínio dos Bataticultores. Todas essas instituições são reconhecidas nacionalmente e tiveram o Beto como um de seus fundadores. Ele deixa como contribuição a sua participação, sua doação e seu trabalho nessas entidades” afirma Lucas. “Temos muito o que agradecer, pois a bataticultura de Vargem persiste até hoje porque existem essas instituições”, frisa.

Amor pela Cooperbatata e dedicação às causas sociais

Durante este período em que está à frente da Cooperbatata, Lucas vivenciou grandes momentos ao lado de Betão. “O convívio com ele sempre foi muito intenso no sentido de aprendizado. Ele tinha uma energia que não era dele. Era uma pessoa que acordava por volta das 4h ou 5h e ligava às 6h para saber o que iríamos fazer ou o que estávamos fazendo. E às 20h estava conversando de negócios. Era o maior prazer do mundo para ele fazer negócios”, conta. “A pessoa quando faz o que gosta não vê o tempo passar. E ele era essa pessoa! O maior prazer dele era ir na fazenda”.

Para Lucas, o agricultor deixou importantes lições a todos os membros da diretoria da cooperativa e demais cooperados. “Aprendemos com ele a sermos sempre transparentes e nunca deixar dúvidas sobre qualquer assunto. Qualquer reunião que a gente faz, nunca é de porta fechadas. Tudo é sempre de porta abertas aos cooperados”, conta. “Sempre que ia decidir algo, ele não gostava de decidir sozinho. Tinha que ter alguém junto. Era muito transparente e justo nessas questões. Tinha um amor profundo pela Cooperbatata e por tudo que fazia”, observa o presidente.

Lucas ainda afirma que Betão sempre será lembrado na cooperativa. “A gente vai trazer ele sempre na memória para que possamos decidir as coisas sempre da forma mais correta, como ele sempre nos ensinou”, assegura. “Gostaria de agradecer a confiança em mim depositada e dizer que o Beto sempre será lembrado em cada decisão que formos tomar. Obrigado Beto!”

Filantropo

Uma característica marcante de Betão foi a filantropia. Dedicado às causas sociais, ele foi fundador da Associação Setembro em Vargem Grande do Sul, a qual conta com uma sede própria – doada por ele – e já fez mais de R$ 1,5 milhão de doações para o Hospital de Caridade. “Era uma pessoa que tinha um lado filantropo bem aguçado. Era um cara de coração maravilhoso, com uma intensidade e preocupação com o próximo que poucos teriam.

Tive a oportunidade de presenciar isso de perto. Aquele que realmente precisava, ele nunca deixou de ajudar”, lembra Lucas.

Além disso, ele relata que Betão foi doador por muitos anos de 6% de seu Imposto de Renda para o CMDCA (Conselho Municipal do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente) e também todo seu capital social de 20 anos para a Associação Setembro. “A associação foi uma ideia que ele teve no sentido de tornar as doações de forma mais justa para as instituições. Ele conseguiu fazer da Associação Setembro uma entidade representativa e que vai conseguir mudar o perfil dentro de Vargem. Para se ter ideia, ela atende hoje todas as entidades regularmente constituídas, deste a Apae até a Casa do Menor Dom Bosco. Além disso, conseguiu mais de 150 exames para diagnosticar o câncer de mama nesta campanha de outubro”, destaca.

Ajudando sempre

Paralelamente a tudo isso, Betão ajudou muito o Hospital de Caridade, chegando até a doar um poço artesiano a entidade – que também é auxiliada pela Cooperbatata por meio de doações mensais para custear a alimentação. Em meio a essas ações, ele ainda ajudava instituições da região, como o Hospital de Amor em Barretos (SP), por exemplo, e até de outros estados, como em Goiás.